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13 de mar. de 2014

O ARAUTO DE GALACTUS – PARTE 6



COMO CONHECI O SURFISTA PRATEADO

     1988 – Era hábito eu com minha mãe irmos até a banca 007 comprar gibis (Turma da Mônica, Disney, Alegria, Menino Maluquinho,...). Mas nesta ocasião especial, fomos eu e meu irmão mais velho, Jaison, e combinamos de cada um comprar uma revista pro outro. Saímos da banca folheando a revista que tinha comprado, antes de entregá-la. A que eu tinha nas mãos parecia chata e não tinha muitas cores. Peguei logo a minha do Cascão.
      1991- Revirando caixas com revistas velhas, encontro, com o canto das páginas roído por baratas, ratos ou sei-lá-o-quê, aquela revista de capa azul, amarela e cinza, com um lunático voando numa prancha, careca e de cor branca, numa cena de ação titânica, como se viesse sem perder tempo em resposta às preces da multidão que apontava da janela dos prédios para o céu.




      Faltavam algumas folhas daquele gibi, que começava na página 15. Gostei do discurso existencialista daquele herói solitário, incompreendido, exilado num mundo estranho, com saudades de sua amada, e ela, mesmo contra todas as expectativas, mantinha seu amor vivo, olhando para o céu à espera daquela figura elegante e melancólica.
     O texto de Stan Lee era (é) fantástico! O Surfista era a criatura com a alma mais pura, um semideus vindo do céu que preferia sofrer a usar seu poder contra alguém, não importava o sacrifício (não é à toa que já se referiram a ele como “Cristo numa prancha de surfe”). Palavras elaboradas e românticas falando sobre paz, ecologia, e dos primitivos seres humanos, para quem a compaixão denota fraqueza, e a violência, força. Tudo que um adolescente introspectivo queria da vida.
      A série Marvel Especial republicava histórias antigas, e naquela bendita edição nº 5, conheci este personagem, tudo graças a meu irmão.
        Fiquei curioso sobre alguns personagens que eram mencionados, como Galactus. Então chega às bancas algum tempo depois Grandes Heróis Marvel 33, com a volta do herói cósmico, trazendo mais referências a histórias e revistas antigas, que fui anotando para um dia procurá-las. Descobri nesta edição que em breve seria lançada outra revista com o personagem. Infelizmente a Graphic Marvel 9 era muito cara e não pude adquirir na época.



    Meses depois as histórias do Surfista Prateado começam a ser publicadas esporadicamente em Superaventuras Marvel. Aí já fiquei fã de Demolidor, Thor, Quarteto, Justiceiro e outros.
          Em 1998 fui fazer vestibular, e recorrendo as bancas de usados na cidade de Rio Grande, consegui a maioria das edições onde o Surfista aparece. Comprei também uma cópia daquela Marvel Especial 5 mais nova, ela têm um texto de apresentação que usei na faculdade, num dos meus trabalhos sobre o Surfista. Mas algumas revistas são muito raras, da década de 60 e 70. Somente há alguns anos completei a série original nas Edições Históricas lançadas pela Mythos Editora. Mas até hoje faço uma busca em sebos de vez em quando procurando aparições deste careca reluzente do espaço.




Ah, vejam algumas relações e conjecturas que fiz certa vez, e que comprova que tudo no universo está conectado: Em Algum Lugar do Futuro, história do Surfista Prateado, remete ao nome do filme Em Algum Lugar do Passado (cujo nome original é Somewhere In Time) com Christopher Reeve, que fez o papel de SUPER-HOMEM no cinema.  Acontece que Somewhere In Time é o nome de um dos discos do Iron Maiden, cujo vocalista é Bruce Dickinson, que num disco solo gravou uma música mencionando o Surfista Prateado, que se encontrou com o SUPER-HOMEM num crossover das editoras Marvel e DC.
Tô dizendo, aí tem coisa...




“Até quando poderei me submeter à selvageria humana? Até quando permanecerei imune ao vírus da agressividade... e evitarei adotar a força em lugar da razão?” – SURFISTA PRATEADO, em SilverSurfer 5 (1969)

2 de mar. de 2014

O ARAUTO DE GALACTUS - PARTE 5

      Volta à venda nas bancas brasileiras este mês uma edição que é uma aula de arte. Até mesmo o review da Graphic Novel 11 (edição antiga) no site Universo HQ foi feita em versos, em homenagem a esta bela obra.



   Como já postei anteriormente aqui, repito abaixo meu texto (SPOILERS):

   De Stan Lee e Moebius. Uma das mais aclamadas histórias do Surfista Prateado. A HQ preferida de Stan Lee (e uma das minhas). Num futuro distante, o Surfista vive por vontade própria na Terra, como um mendigo. Então Galactus chega e se diz um Deus, diz que não existem mais regras morais e a sociedade se entrega ao caos. O Surfista volta à ação e enfrenta seu antigo mestre. O Devorador de Mundos havia prometido não destruir a Terra, mas não havia prometido não deixar que a própria humanidade se destruísse. Um líder religioso aproveita para se promover, até que Galactus mata sua irmã. Então ele e o povo abrem os olhos e o plano do gigante azeda. O Surfista é tido como herói e salvador. A humanidade deseja um líder que a leve ao caminho certo, quer respostas fáceis. O Surfista finge ser um tirano e os homens (ironicamente com exceção do antigo líder religioso) não percebem que era tudo para mostrar-lhes que devem procurar a fé em si mesmos. História cheia de mensagens (daí o título) e menções ao prejuízo do fanatismo religioso. O Surfista, mais do que nunca, é a imagem de Cristo, nas palavras que profere e nas atitudes que toma.




    Algumas falas do personagem na antiga edição:

Obedecer? Obedecer, quando crianças destroem suas escolas? Obedecer preceitos que jogam irmão contra irmão e aprisionam os desamparados?”

“Fé sem julgamento apenas degrada o espírito.”

“A pureza reside na alma, não em nossos berços.”

“Onde estaria a bravura se desistíssemos da luta porque há pouca esperança? Devemos ser impelidos pelo objetivo, não pela disputa.”


“Apenas os covardes ou bajuladores veneram o poder. O que há de divino em mostrar força? O que há de sagrado na brutalidade? Guerras e crimes, pobreza e pestes... apesar de tudo, a chama do espírito humano ainda almeja a nobreza.”

“Nenhum homem pode ser colocado acima dos demais. A chama divina está em todos... ou em ninguém.”
 

 
Enquanto isso, lá nos EUA está sendo lançada uma nova série do personagem, com uma abordagem diferente. Acompanhado de uma garota humana, ele singra o epsaço em novas aventuras.




1 de mar. de 2014

Quadrinhos e Cinema 5 - Os 3 Filmes do Justiceiro




          Criado como coadjuvante, quase um vilão nas histórias do Homem-Aranha, o Justiceiro ganhou anos depois um gibi próprio, baseado nos livros da série "O Executor", de Don Pendleton.

            Em 1989, Dolph Lundgren interpretou o personagem no filme O Justiceiro, que fez um relativo sucesso se considerarmos o gênero, batidíssimo desde que a história é a mesma da série Desejo de Matar e de muitos outros filmes: homem tem a família assassinada e começa a matar criminosos, ou melhor, punir criminosos, já que o nome original do personagem é Punisher (punidor – em espanhol, el castigador). Nesse filme, até bom pra época em que adaptações de quadrinhos não eram levadas nem um pouco a sério, só faltou o símbolo do anti-herói, uma caveira branca na camiseta. De resto, o visual até que tava legal, e o roteiro, mediano, mas com muitos erros técnicos. Ele tem que resgatar filhos de mafiosos que foram sequestrados pela Yakuza. Tem um informante mendigo e um ex-colega de polícia que tenta ajudá-lo (Louis Gosset Jr.). A origem, ou seja, a morte da família, só é citada por um telejornal. Passou várias vezes na globo, no Domingo Maior, até pouco tempo antes de estrear a nova versão. Eu gosto bastante dessa versão, talvez por nostalgia do VHS - Nota 7 considerando a época.





          Com a nova onda de filmes baseados em gibis, não demorou pra ser produzido O Justiceiro, de 2004, que não chegou a estrear nos cinemas brasileiros, embora tivesse se saído bem nas bilheterias lá fora. Tinha até cartazes nos cinemas e data prevista, mas foi cancelado poucos dias antes. Desta vez o ator (dedicadíssimo, apaixonado pelo personagem e que merecia outra chance) era Tomas Jane que faz o papel de Castle, que prestes a se aposentar, teve pais, filhos, esposa, tios, toda a família (mesmo) morta a mando de um mafioso cujo filho morreu numa operação na qual Frank agia disfarçado. O roteiro é baseado nos personagens e histórias cômico/violentíssimas escritas por Garth Ennis, simplesmente um doente psicótico que adora sangue e tripas. Mas o filme não tem tanto sangue, não, fica tudo implícito. O diretor era estreante, e o filme foi massacrado pelos fãs e críticos por causa do humor e exageros, mas é sem dúvida um bom entretenimento. E pra mim, tem seus momentos marcantes, como a cena em que ele tortura Mickey com um picolé fazendo-o pensar que é um maçarico - cena dos gibis - publicada em Grandes Heróis Marvel 50 (ed. Abril). O problema é que mostra apenas um ensaio para o que viria a seguir (matar criminosos em geral). Na trama ele se vinga apenas do mafioso (e a família e capangas, é claro) interpretado por John Travolta. Nota 7!





O ator Tomas Jane encarnou o personagem novamente num curta independente, mostrando seu carinho pelo personagem, mas não adiantou para ser recontratado! Nos EUA saiu um DVD com a versão do diretor, mas aqui é inédita, infelizmente.


      


      2008 -  a Marvel Studios lança o primeiro filme com o selo Marvel Knights, novamente contrataram uma diretora estreante (de novo?) e o ator Ray Stevenson para o filme O Justiceiro Em Zona de Guerra. Desta vez a origem é a mais fiel aos quadrinhos, mas é mostrada em flashback, ou seja, não é uma continuação da versão de 2004. Também não chegou aos cinemas por aqui, não é pra menos! Temos novamente roteiro baseado nos episódios de Garth Ennis (ou seja, violência e sangue desta vez não faltam), mas novamente os exageros aparecem, pegam todos os personagens dos arcos legais, misturados, os efeitos são manjados, a luz é muito artificial e se perde muito tempo com o personagem trocando de armas e cartuchos de munição no meio de cenas de ação. Não gosto também quando dão importância a personagens novos nos quadrinhos e não os clássicos. É o caso do parceiro de Frank, Microchip, perito em informática e fornecedor de armas, que aparece no filme apenas como coadjuvante. Já o policial Martin Soap, um idiota que serve de alívio cômico nas HQ's, tem chance de aparecer em futuros filmes. O vilão é o Retalho, que teve o rosto desfigurado por Castle, e que tem uma fala ridícula e manjada: Billy morreu, me chamem de Retalho. Mais clichê impossível. 


            Claro que é um bom passatempo, mas aposto que esse terceiro filme será rapidamente esquecido. É só pose! O ator não convence também - quase não fala e sempre a mesma expressão! Nota 6 (e tô sendo generoso!).

            Já prometeram um seriado do personagem, mas não boto fé! Ainda não fizeram um filme à altura do personagem...