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30 de jan. de 2012

Transformações na Turma da Mônica

30 de Janeiro - Dia do Quadrinho Nacional


    Não vou falar da Turma da Mônica Jovem, não, embora seja bem legal. Falo do universo tradicional mesmo. Aí está a palavra: tradicional! Acho que os leitores nostálgicos são aqueles muito observadores, ou seja, são fãs de quadrinhos pra valer! O leitor comum e ocasional não percebe as transformações.




    Bom, eu mesmo já tinha reparado, mas estava lendo no site salivagasta.org o texto (bastante desbocado) de Cauê Madeira “Cansei da Turma da Mônica” e concordo com ele em vários pontos, embora discorde de suas conclusões.

    Bom, as transformações a que nos referimos (eu e ele) são referentes à qualidade dos roteiros, e pra mim até dos desenhos que, não sei se por um aspecto nostálgico, considero inferiores aos antigos, da época da Editora Abril. Isso também pode se dar devido à repetição dos temas, coisa impossível de não ocorrer, pois os personagens se mantém com 7 anos há décadas fazendo as mesmas molecagens e mantendo suas características. Talvez até o final dos anos 90 o problema fosse mesmo falta de criatividade (ver o P.S.) ou liberdade criativa, pois o Mauricio controla mesmo seus personagens e padroniza a coisa. Tudo bem, a empresa é dele mesmo!
    Concordo que gostaria de conhecer os nomes dos criadores das histórias, que diferente de outros gibis, não são creditados. Até porque nas histórias atuais têm aparecido bastante uma diferença de estilos e alguns desenhistas e roteiristas muito loucos têm feito historinhas muito engraçadas, com um toque nonsense e sarcástico, com um toque de humor pros fãs mais velhos e caretas impagáveis dos personagens! Citações a absurdos como o “Pônei cor-de-marmelo” sonhado pelo Cascão são um exemplo.


Como é o nome dele mesmo? Hehe brincadeira... é o Xaveco!

    Para os professores, tem histórias ótimas para trabalhar a metalinguagem, pois o que tem aparecido de personagens secundários reclamando por mais espaço nas histórias, não está no gibi. Ou melhor, está sim! Exemplo: A Denise (que agora ganhou traço permanente) e o Xaveco (sempre zoado pela condição de secundário) e sua irmã Xabéu (agora filhos de pais divorciados). E tem os seminovos como Marina, Nimbus e Do Contra.
    Outra que tomou forma foi a Carminha Frufru. E tem os eternos Reinaldinho, Fabinho, Tonhão da rua de cima e os heróis da turma: Capitão Pitoco e ursinho Bilu. Mas estou saindo do assunto, né?

    Incomoda um pouco o aspecto do “politicamente correto”, onde acho que exageram. Nas histórias atuais, os meninos não escrevem mais nos muros os desaforos para a Mônica, apenas colam papéis. O Cascão não brinca mais no lixão nem toma banho de lama. E o Chico Bento não pode mais caçar e nem segurar sua espingarda de sal (essa até passa).
    Mas se formos considerar essas coisas, o Cebolinha e os outros não vão poder mais xingar a Mônica: baixinha, dentuça, gorducha. E o preconceito como fica?  
    Também questiono a implicância com a Mônica, que chega a ser complexada com o peso (e é do mesmo tamanho dos outros personagens). Não estamos colaborando com uma geração de leitores anoréxicos?
    Que bobagem! É que na verdade é pura birra, provocação, brincadeira.
    Ainda do texto citado: "Outro dia fui ler uma historinha em que o  Cascão constrói um barco e enquanto os outros meninos traziam a madeira necessária o Cebolinha avisava: “é madeira de reflorestamento”. QUEM QUER SABER? F***-se se é madeira de reflorestamento ou se derrubaram onze árvores recém-brotadas no bairro. Não importa. É ficção, é molecagem."

    Quando essas frases comprometidas começam a influenciar na qualidade da história, concordo, é um saco! Mas acho que falo isso pela falta de paciência que adquiri depois de leitor formado e adulto, hehe.

    Imagino se os gibis fossem publicados na Coreia do Norte...

    Nos termos de cidadania também a criação de personagens chega a ser forçada. Dorinha, a  cega, Luca, o cadeirante, que protagonizam histórias ruins de doer. Só vale a intenção mesmo de inclusão e conscientização. Só queria que valorizassem mais o Humberto que já dá campo pra muita história boa e não é aproveitado. De centenas de gibis que tenho, li umas 5 ou 6 proveitosas. E apenas 1 ou 2 que falava da linguagem de sinais.


Luca



    Como disse o rapaz no site, o problema é que isso parece criar uma obrigação de agradar a cada elemento da sociedade: “Quero ver um personagem soropositivo, quero ver um personagem adotado, quero ver uma criança com câncer, quero ver um viciado em crack, quero ver um que é molestado pelo tio.”

    Exageros à parte, como professor acredito que as tentavivas têm sido válidas de atingir um público mais humano e que aceite as diferenças, só tem que caprichar um pouco mais nos roteiros em si e deixar a vida nos quadrinhos ser mais “natural”.


Humberto

    Apesar de tudo, continuo adorando a Turma da Mônica.

    E minha filha não me deixa mais ler. Eu pego um gibi e lá vem ela: “Pai, conta uma tólia pa mim?” – ainda bem!


   P.S.: Mas já li muita história fraca (pra dizer o mínimo), como a do Cascão que termina no nada falando da bola de capotão, sem final, sem piada, sem sentido. Meu amigo Daniel Sanes lembra bem.

26 de jan. de 2012

Sensibilidade e Corações Negros

Ann Nocenti. Este é o nome da criadora de histórias memoráveis do Demolidor, publicadas nos anos 90 na revista Superaventuras Marvel. Com desenhos do ótimo John Romita Jr., vemos a origem do filho do demônio Mefisto, Coração Negro, que mais tarde tentaria destronar o pai.






As histórias têm temas bastante filosóficos e profundos, por vezes em cenários abstratos, como quando o herói cego, juntamente com alguns companheiros de aventuras (incluindo a filha de um fazendeiro inescrupuloso, uma mulher modificada geneticamente para ser perfeita e dois inumanos) vai parar no inferno, confrontando tentações, medos e ficando no limiar da insanidade, com se viu em histórias posteriores.
Destaque para as edições 138 e 139 de SAM, o clímax do texto, onde todos os personagens passam por testes perpetrados pelo demônio, que acaba traído por seu filho e confronta, por fim, o Surfista Prateado. Só mesmo lendo para ver a maravilha que é a sensibilidade do texto da autora. Marcou minha adolescência e ainda mexe com minha cabeça ao ler pérolas como as interpretações no contexto da história para ditados como: “o céu sabe quem você é”, “cuidado para não afugentar um anjo à sua porta”, ou quando os anjos com chifres e demônios de auréola falam de elitistas e dos cavaleiros Lancelot e Galahad.
É puro deleite literário. Recomendo!



E uma edição com o mesmo desenhista, mas com Howard Mackie no argumento e que trouxe novamente o filho de Mefisto, agora enfrentando outros heróis é Motoqueiro Fantasma/Wolverine/Justiceiro – Corações Negros. Os anti-heróis da Marvel são convocados a uma cidade do interior e acabam indo ao inferno para salvar uma menina raptada por Coração Negro (que foi totalmente descaracterizado no filme do Motoqueiro Fantasma). Bastante ação e um roteiro mediano, mas é válido pelos bons personagens e o encontro inusitado deles. Nos EUA teve uma continuação, nunca lançada por aqui.




18 de jan. de 2012

Coringa

    


     Um dos maiores vilões das histórias em quadrinhos, o Coringa foi inspirado no personagem do filme "O Homem que Ri", de 1928, que foi desfigurado e tinha o rosto sempre simulando um sorriso enorme, mesmo quando triste.



     Ele é um psicótico, um maníaco, e muitos discutem o porquê de seu inimigo Batman não acabar com sua vida, mesmo sabendo que ele causará a morte de muitos em suas ações. A discussão esbarra em ética, princípios de moralidade e até lógica, vale a pena dar uma olhada na internet.
   No cinema, o inimigo do morcego já foi interpretado por vários atores, como Cesar Romero (que usava bigode por baixo da maquiagem);



Jack Nicholson, no filme de 1989;



  E Heath Ledger, numa fantástica (e infelizmente única) interpretação em O Cavaleiro das Trevas.


 
Releitura do quadro "O Grito" de Edvard Munch
    
 
     Nos gibis destaca-se a história Batman - A Piada Mortal, de Alan Moore, onde o Coringa comete um ato de violência extrema contra a filha do Comissario Gordon (a Batgirl) para provar que qualquer pessoa está a apenas um passo da insanidade.





12 de jan. de 2012

O Super

   Primeiro SUPER dos heróis dos quadrinhos, o Superman (ou Super-Homem) foi criado em 1938 por Jerry Siegel e Joe Shuster, e durante os vários anos de publicações, virou mania nacional nos EUA e depois febre mundial, fazendo sucesso até hoje em várias mídias, inclusive televisão e cinema.


   Nos gibis, teve vários visuais diferentes, de acordo com a interpretação dos roteiristas e desenhistas. Veja alguns visuais que fizeram sucessso (ou polêmica):



Anos 1940.

Com o rosto do ator Christopher Reeve
Clássico, com a Liga da Justiça


Anos 90, o Superman Energético (não colou!)

O retorno após sua "morte".

7 de jan. de 2012

A Saga de Thanos



        Há poucos meses completei depois de muitos anos minha coleção da minissérie “A Saga de Thanos”, uma coletânea de mil páginas divididas em cinco volumes. Lançada pela Editora Abril nos anos 90.
        As histórias são originais dos anos 70, muitas delas criadas por Jim Starlim, que definiu o personagem principal da trama, Thanos de Titã (baseado em Thanatos, deus da morte da mitologia grega) que teria nascido em Titã, uma das luas de Saturno. 



Capitão Marvel,
        Thanos matou a própria mãe e apaixonou-se pela figura da Senhora Morte. Tomou o poder de Titã e enfrentou os heróis da Terra, tentando depois várias vezes conquistar o universo. Supremo estrategista, acabou sendo morto pelo espírito de Adam Warlock, que o transformou em pedra.
         Já nos anos 90, foi ressuscitado pela Senhora Morte no início da chamada “Saga do Infinito”, que se desdobrou em várias minisséries, onde Thanos aprendeu duras lições sobre o amor e o poder, agiu como herói, mas seguindo uma moral distorcida e almejando o bem estar próprio, acima de tudo.
         Mas o mais fascinante no personagem é que, mesmo sendo um vilão, por ser mais inteligente, acaba fazendo os heróis de tolos, e com o passar dos anos, evoluiu como pessoa, conhecendo a si mesmo durante sua jornada, com fazem as pessoas no mundo real.



    



Adam Warlock

e Surfista Prateado - grandes adversários de Thanos.


          Destaques:
 
        1 – Confronto com Capitão Mar-Vell (Saga de Thanos 2);
        2- A conquista das jóias do infinito (Thanos: Em Busca de Poder)
        3- Vencendo os heróis (Desafio Infinito 2)
        4- Lições aprendidas: a única e verdadeira vitória. (Desafio Infinito 3)
        5 – A verdade sobre Deus e sobre o amor – (Marvel Apresenta 13)
           

     Nas histórias de Thanos ficaram famosos os artefatos de poder que aparecem nos atuais filmes da Marvel como a manopla com as jóias do infinito (que aparece brevemente na câmara de troféus de Odin no filme do Thor) e o Cubo Cósmico (filme do Capitão América). Participou também do desenho animado do Surfista Prateado, de 1998.

     Um de meus personagens preferidos dos quadrinhos, o filosófico Thanos com certeza não pensa pequeno!


Em "Desafio Infinito" Thanos derrotou todos os heróis e as entidades poderosas do universo, para conquistar sua amada, Senhora Morte - o cara com certeza tem problemas.





2 de jan. de 2012

Dinheiro e preconceito

       Fera é um exemplo- depois de anos tentando humanizar personagens estranhos, dizendo às pessoas para não julgarem pela aparência, os advogados da Marvel, para conseguir desconto de importação de produtos, afirmam: os mutantes nao são humanos, são monstros e animais (inclusive Wolverine, Ciclope e demais X-Men). 
       Não entendeu? Leia o texto abaixo:     


     "O preconceito em relação aos mutantes é o tema central de X-Men, com o governo dos EUA quase sempre envolvido nessa discriminação. Na vida real, contudo, parece que o governo estadunidense considera que os X-Men são humanos, mas a Marvel diz que não. O assunto curioso foi abordado durante um podcast do Radiolab, com participação do principal diretor da franquia no cinema, Bryan Singer, e envolve a taxa de impostos sobre o preço do merchandising dos heróis.
    O valor cobrado na importação de produtos é diferente para "bonecos" (dolls no inglês, que representariam a forma humana) e "brinquedos" (que seriam monstros, robôs, aliens...) - enquanto a taxa para "bonecos" fica em 12% sobre o valor do produto, a de "brinquedos" seria quase a metade, 6,8%.
Para poupar em impostos e aumentar seus lucros, os advogados da Marvel estabeleceram que, como os personagens do universo X-Men não são humanos, já que sofreram mutações, não podem ser considerados "bonecos". A diferença foi motivo de um processo que durou dez anos e agora o governo dos EUA reconheceu que Wolverine e companhia são apenas "monstros" e podem pagar a taxa mais baixa de impostos."

fonte: omelete.com.br
    Com essa postagem, inauguro o ano de 2012 desejando que as pessoas nao traiam seus ideais nem se contradigam em seus discursos e suas práticas, como fazem muitos políticos e, como mostra o texto acima, a editora norte-americana. 
   Tudo bem que os quadrinhos e seus derivados das criações da Marvel são produtos destinados ao capitalismo, lidam com comércio e lucros, mas o discurso de igualdade mutante (metáfora para outros tipos de preconceito) foi traído no imaginário dos fãs, por conta de alguns milhões de dólare$$$$$$$!!! 
     Na ficção, os Mutantes da Marvel contituem sim outra espécie (homo superior), mas daí a  serem chamados de "monstros"...