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12 de nov. de 2018

Adeus, Stan Lee!

    
Muito triste, recebo a notícia da morte de um de meus poucos ídolos, Stan Lee, criador dos heróis Marvel. Com 95 anos, Stanley Martin Lieber fez sucesso com seus personagens heroicos e humanizados ao mesmo tempo.










            De origem pobre, trabalhou desde cedo pra ajudar a sustentar a família, começou a escrever com cerca de 19 anos, e logo assumiu várias funções dentro da editora de quadrinhos Timely, que mais tarde se chamaria Marvel Comics. Escrevia histórias em prosa para o Capitão América. Alistou-se para a 2ª Guerra Mundial, e designado como roteirista, escrevia e desenhava panfletos sobre doenças sexualmente transmissíveis para os soldados.
Mais tarde, ao retornar do front, quando seu chefe pediu para escrever sobre uma equipe de heróis, para concorrer com a Liga da Justiça da concorrente DC Comics, ele criou o Quarteto Fantástico, diferente por não usarem máscara, serem celebridades e principalmente, serem uma família de aventureiros. Baseado no Tocha Humana dos anos 30, no Homem Invisível da literatura, e outros.
Em seguida, buscando mitos nórdicos, criou o Poderoso Thor, que com o tempo desenvolveu um padrão de linguagem mais rebuscado, shakespeariano.
Com o Homem-Aranha, ele falou sobre bulliyng, sobre os dramas adolescentes e a responsabilidade de um órfão estudioso que tinha que cuidar da tia idosa que o criou e fazia sacrifícios para defender sua vizinhança de malfeitores, mesmo que sua vida pessoal não lhe desse muitas alegrias.
Um monstro temido de bom coração, baseado nos clássicos "O Médico e o Monstro" e "Frankenstein" - O Incrível Hulk! Todos até aqui transformados pela radiação, uma paranoia mundial da Guerra Fria. 




Um playboy milionário, com uma armadura tecnológica, mas com problemas cardíacos para a época da Guerra do Vietnã? Homem de Ferro!
Heróis contra o preconceito, só porque nasceram diferentes: O X-Men, representando os conflitos raciais dos ano 1960, alimentados pelos proeminentes Martin Luther King e Malcom X. Era a luta das minorias representada nos gibis!
Demolidor, um herói cego criado por Stan Lee, mostrando a realidade dos portadores de deficiência e não tratando-os como incapazes, o que agradou o público, que respondia enviando cartas comentando as histórias.
Os primeiros super-heróis negros, como o Pantera Negra, rei de uma nação africana nunca colonizada. E outros como o Falcão e Luke Cage, que viviam em bairros violentos, foram criados por colegas durante sua administração da empresa. Histórias que falavam sobre o perigo das drogas e o uso de armas de fogo também eram presentes nessa época.
Como se não bastasse escrever dezenas de histórias por mês, os personagens ainda interagiam entre um gibi e outro, num universo integrado e organizado.
Stan Lee ouvia a opinião dos leitores e os tratava com carinho e camaradagem, como se todos fossem membros de um clube. Em entrevistas, sempre foi atencioso e alegre, fazendo piadas o tempo todo, mesmo com suas criações.
Foi assumindo cargos maiores na editora, até que seu nome fosse sinônimo de Marvel, juntamente com seus maiores desenhistas e demais roteiristas, como Jack Kirby, Steve Ditko, John Buscema, Gene Colan, John Romita, Joe Simon, Don Heck, Sal Buscema, Roy Thomas e muitos outros.
Assumidamente um falso intelectual, caprichava ao máximo na linguagem para que suas histórias, além de dramáticas, trouxessem ideias mirabolantes, com termos científicos e palavras rebuscadas, para que o leitor ampliassem seu vocabulário, tanto buscando no dicionário ou aprendendo o sentido pelo contexto.
Escreveu alguns gibis especiais, como O Surfista Prateado, colocando toda sua ideologia da não-violência, da preservação da natureza, da busca pela paz e da elevação do espírito humano, de um sentimento de fraternidade, captando a atmosfera da era hippie, em 1968. O Surfista era seu preferido, pois dava voz a seus pensamentos, dizia Lee.

E justamente o citado Surfista Prateado que me fez virar fã de carteirinha da Marvel, e principalmente de Stan Lee.
Fazendo pontas em filmes e séries, criando novos personagens, participando de conferências e dando entrevistas bem-humoradas, Stan se manteve ativo até o fim, quando já não enxergava direito e com problemas de saúde, perdeu sua esposa de muitos anos, Joan, e foi noticiado na mídia que estava sofrendo abusos de sua filha e empresário, em brigas e forçando-o a participar de eventos quando sua debilidade já não permitia mais.



A marca de Stan Lee? O sorriso, a simpatia, o bom-humor e as mensagens humanas em suas melhores histórias, clássicos inesquecíveis. Quem acompanhava sua carreira, lia seus textos e assistia suas entrevistas, com certeza o considerava um membro da família, assim como ele dizia que éramos todos heróis da família Marvel.
Adeus, amado e admirado Stan Lee, e muito obrigado por ajudar na criação de todo um Universo. Excelsior!


          





            




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