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24 de ago. de 2012

Felicidade (in)Sustentável


     Assisti a uma palestra sobre transporte público ferroviário e sustentabilidade no dia 10/08. Na abertura do evento, chamado "II Ação de Formação de Massa Crítica",  e promovido pelo GETrans-Furg, uma educadora lembrou as palavras do presidente do Uruguai José Mujica na Rio+20, sobre a sociedade de consumo e como o mundo é regido pelas leis de mercado. Considerado por alguns o discurso da década. Um chefe de Estado a quem chamam de pobre, pois tem um estilo de vida humilde e, hoje em dia considerado alternativo. 
 
    As palavras do presidente e do palestrante me fizeram refletir sobre nossos problemas do dia a dia, e sobre como as neuroses, desafios e desilusões são geradas por causa desse modo de vida consumista. Lembro do engenheiro Afonso Carneiro instigando o pensamento dos universitários da Furg para questionarem o que buscamos para nossa satisfação pessoal. Será que a felicidade é obtida na compra de um carro? 
 
   Desde pequenos somos levados a assistir programas sobre automóveis, corridas, comerciais apelativos (redundância, claro), filmes com audiovisual hipnótico, tudo para que possamos internalizar a ideia de que precisamos nos render a essas máquinas rápidas, poluidoras e que esgotam pouco a pouco os recursos do planeta, o espaço nas cidades, causam estresse nos grandes centros, nos isolam dos semelhantes, causam inveja nos desfavorecidos, ocasionam acidentes, carregam os jovens afoitos à tragédia e acabam, no final das contas, pelo menos a meu ver, atrapalhando muito mais do que favorendo a sociedade como um todo, e principalmente a evolução do espírito humano.

   Como disse o senhor Afonso, não sou contra as pessoas comprarem um automóvel, adquirir patrimônio e etc, mas não podemos recuperar o conceito original do carro “de passeio”? Precisam se deslocar dois míseros quarteirões no seu automóvel? Caminhar e fazer uso de nossos corpos em suas funções básicas é tão doloroso? Ou estamos perdendo algo importante com o progresso baseado na economia de mercado?

    Concordo com Mujica e também questiono: viemos a este planeta competir, e construir, e trabalhar, e ganhar dinheiro, e adquirir bens? Ou vivemos para sermos felizes? O conceito de globalização não deveria andar de mãos dadas com o conceito de fraternidade?
    Tecnologia sem humanidade só serve para nos tornarmos, aos poucos, frios como as máquinas a quem dedicamos mais atenção do que ao nosso semelhante.

    Bem, e o que esse texto filosófico tem a ver com Histórias em Quadrinhos? Vou fazer uma conexão com meu personagem favorito, o Surfista Prateado. Com texto de Stan Lee, a história de sua origem mostra o atormentado Norrin Radd em seu planeta natal criticando a tecnologia que seduziu seu povo e o tornou indolente. Já em 1968 Stan já tinha noção de que o progresso sem reflexão pode ser um problema para a condição humana em busca de realização pessoal.

    No quadro abaixo, em inglês, o personagem fala que até mesmo o ancestral ato de caminhar não é mais utilizado, pois os cinturões de mobilidade levavam as pessoas de um lugar a outro, de modo semelhante ao mostrado no filme de animação Wall-E. E lembram de como era a Terra no filme? Uma paisagem de lixo descartável. Mas diferente da ficção, não temos naves para nos salvar. Apenas esperança de que as pessoas se conscientizem.

Norrin Radd (Surfista Prateado) questionando o modo de vida em seu planeta.

Terra no futuro: uma lata de lixo?


3 comentários:

  1. Bravo! Cassius tu escreve melhor que muitos jornalistas do Diário Popular, bem melhor!

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    1. Obrigado meu amigo. Pena que os poucos que leem nem mesmo comentam!

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  2. Ótimo texto, como sempre! Vc é fera primo :)

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