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21 de set. de 2013

Quadrinhos e Cinema 2 - Trilogia X-Men (Parte 1)

X-MEN: O FILME



           Impulsionados pela boa repercussão de Blade – O Caçador de Vampiros, de 1998, os executivos da Marvel fizeram acordo em 2000 com a Fox e em 2001 estreou o primeiro filme dos mutantes que lutam por aqueles que os odeiam e temem. A ideia existia há muito tempo, mas (ainda bem) somente com a era de efeitos digitais foi possível realizar um filme de qualidade. Lembro que, na faculdade, eu aprendia a usar a Internet, e meu amigo Leandro Vargas, fanático por X-Men, acompanhava tudo pela revista Sci-Fi. As primeiras fotos deixavam todos apreensivos. Teríamos roupas coloridas e colantes ridículos? E as máscaras? E o roteiro?

            Finalmente chegou o dia da estreia mundial, e o finado Cine Glória em Rio Grande foi abençoado pela dádiva de participar do circuito nacional. E lá estávamos eu, Leandro e mais uma amiga, Marilia Hamada Chaves  indo juntos assistir o filme que deu oficialmente início à nova febre de adaptações de HQ’s para o cinema. O slogan do pôster: Confie em poucos. Tema o restante.








            Um espetáculo. Eu não esperava um filme tão sério. Incrível a abordagem realista do diretor Bryan Singer. Pra quem acha estranho a palavra “realista” neste contexto, é só ler quadrinhos e ver Vampira voando, por exemplo, e as cores aberrantes e batalhas espaciais, ou os vilões estereotipados dando gargalhadas. Mas não, o filme é um drama de ficção científica com uma dose de aventura. E os uniformes dos heróis são pretos e de couro – efeito pós-Matrix.

  Alguns atores estão perfeitos, Patrick Stewart era a escolha óbvia para o Professor Xavier e não decepcionou. Ian McKellen, ator que vinha do teatro britânico, dá um ar de experiência a Magneto que poucos conseguiriam. E os dois realmente roubam a cena em seus diálogos afinados, minha parte preferida do filme.


 "Entrando escondido aqui, Charles? O que será que está procurando?"


             
  Já o ator que interpreta Wolverine é o australiano Hugh Jackman, cuja carreira, depois de X-Men, decolou em Hollywood. Ele tem 1,90m de altura, e como o personagem é baixinho, neste primeiro filme deram um jeito de sua altura não aparecer. O cara não leu nada sobre o personagem, pois o diretor não queria que ele fosse influenciado e ficasse caricato, então só disse que era um cara durão. Jackman tomava banho gelado (inverno no Canadá) pra ficar tenso pra filmar. Valeu a pena. Logan é o cara! Muitos fãs chiaram, como sempre, inclusive eu achava (ainda acho) que tinham de dar um jeitinho de pôr uma máscara em alguma cena. Mas tudo bem.




            Halle Berry como Tempestade ficou meia boca com aquele cabelo claramente postiço e dá uma voadinha chumbrega, mas que na época achei animal. Anna Paquin ficou nota 10 como a atormentada adolescente Vampira, que não pode tocar ninguém. O vilão Groxo, ridículo nos quadrinhos, ficou com um visual bem legal, assim como Dentes-de-Sabre. E Rebecca Romijn-Stamos fez sucesso com sua personagem azul e aham-nua, Mística. E o que falar da linda Famke Janssen como Jean Grey?Até Ciclope ficou bem representado por James Marsden, pena que Wolverine ofuscou o coitado, que sempre foi um líder de destaque nos quadrinhos.



            Outro elemento de destaque foi a dublagem brasileira, que utilizou as mesmas vozes do desenho dos “mutunas” que passava na globo. Já na dublagem espanhola, Wolverine é chamado de Glutón (glutão é também um dos nomes do carcaju, um animal selvagem que, em inglês, é chamado Wolverine), mas tudo bem, num desenho do Homem-Aranha com participação dos X-Men, Wolverine foi chamado de Lobão, hehe.

                 Desde a introdução*, que faz menção ao apelido que os mutantes têm nos quadrinhos (os filhos do átomo) esse é meu filme preferido da trilogia (até hoje, assisti, sem exagero, umas 25 vezes ou mais), embora encontre hoje alguns efeitos ruins que foram sanados nas continuações. Exemplos: esqueceram de apagar as cordas num dos saltos do Groxo durante a briga com Tempestade; e as garras de Wolverine na primeira vez saem de uma parte da mão, entre os dedos (aparece uma gosma branca nojenta), e quando ele atravessa o peito de Vampira, saem da parte de cima, perfeito como nos quadrinhos.

       Mas o roteiro é muito bom, cheio de implicações éticas sobre o racismo e a discriminação. Vale lembrar que Stan Lee criou os X-Men originais (Ciclope, Jean, Anjo, Fera e Homem de Gelo) no início da década de 60, período de discriminação racial onde se destacavam as ideias de figuras como Martin Luther King (pacifista, representado por Charles Xavier) e Malcom X (radical, representado por Magneto).

       O plano de Magneto era transferir seu poder para Vampira a fim de acionar uma máquina (já que ele poderia morrer no processo) que emite uma radiação. Ele queria causar uma mutação artificial nos líderes das nações que estavam em reunião em Nova Iorque, para que voltassem a seus lares como mutantes e acabassem com o preconceito contra sua própria raça. A ideia ficaria mais clara se uma cena não tivesse sido cortada: Tempestade dá uma aula de história sobre o Império Romano, que por séculos perseguiu e discriminou os cristãos, mas no ano 325, quando o Imperador Valério Constantino e a classe dominante se converteu, a religião cristã se tornou a fé dominante no Império. Mas tudo bem, o diretor não quis subestimar a inteligência da plateia. Mas eu conheço gente que não entendeu.

                        Essa da aula e outras cenas, assim como bastidores e entrevistas (onde Ian McKellen revela ser gay e por isso aceitou o papel no filme – que fala de preconceito), estão no DVD especial X-Men 1.5, que comprei num box com o filme X-Men 2.

            E a editora Abril publicou na época revistas especiais: X-Men - O Filme: Prelúdio Wolverine, Vampira, Magneto e a quadrinização oficial.


 




         Mutação: é a chave para a nossa evolução. Ela nos permitiu evoluir de um organismo de uma única célula até a espécie dominante do planeta. Esse processo é lento, e normalmente leva milhares e milhares de anos. Mas a cada centena de milênios, a evolução dá um salto à frente.

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